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terça-feira, 31 de julho de 2012

A cada tempo o seu tempo


A Cada Tempo O Seu Tempo
By Davison Lampert


Com esses dias frios que têm feito por aqui, olho para os aquecedores, para os chuveiros elétricos, para as torneiras elétricas, enfim, para todos esses confortos e me assombro com esses tempos de tecnologias incrivelmente úteis e, por que não dizer, baratas que o mundo moderno nos proporciona.

E pensar que bilhões de pessoas antes de nós jamais sonhariam em ter água encanada, quanto mais água aquecida, em suas residências. Tornamo-nos de tal forma dependentes desses avanços que não saberíamos o que fazer caso os perdêssemos. O que seria de nós sem a eletricidade? Como sobreviveríamos sem gás de cozinha? Quantos dias suportaríamos a ausência de água em nossas residências antes de entrarmos em desespero? Essa é uma realidade que nós, pacatos cidadãos, não podemos quase nem sequer imaginar (apesar de muitas pessoas ainda sobreviverem desse jeito mundo afora).

Fecho os olhos e me concentro no passado. Com os olhos da mente, observo nossos ancestrais de dezenas de milhares de anos atrás. Quase posso ouvi-los dizendo:

- Hur gahf cah jadl grooc assee Rati. (O que nós vamos fazer hoje, chefe?)
- Assee cah jadl trhaa. (Hoje nós vamos caçar)
- Hur cah jadl trhaa Rati. (E o que vamos caçar, chefe?)
- Cah trhaa drunu abaaba tantare. (Vamos caçar um mamute!)

{Aqui abro parênteses para uma pequena explicação lingüística. O termo mamute não existia em trogloditês, portanto era usada expressão "drunu abaaba tantare", que significa, ao pé da letra, "bicho grande pra cacete". Fim dos parênteses}.

- Hur zuih jadl trhaa di Rati. (E como vamos caçá-lo, chefe?)
- Tiira rasf ru glebat quarja tamanaz tasoo afeab ru sumta quarja drunu abaaba tantare ru cah ussuâ gataã. (Primeiro vá até a aldeia e chame os guerreiros, depois corra até o vale e atraia um mamute até nós para que o matemos)
- Hur ussuã zu avka tusse tunê fragag (Por que eu tenho sempre que ser a isca?)
- Ussuã za tunê harae zinti quo za gataã du tunê harai danza. (Porque você é o mais fraco, e se você morrer não fará muita falta)

Como vocês podem ver, a vida era muito dura naqueles tempos imemoriais. Principalmente para os menos favorecidos atleticamente.
Mas seguramente chegará o dia em que nossos descendentes olharão nosso tempo e horrorizados dirão:
- Como eles conseguiam sobreviver sem os encogrimadores quânticos? Como era possível suportar a existência sem nenhum tipo de levilet gravitacional ou de, ao menos, pardiurentes bio-assimiladores? O que seria de nossa civilização sem a neuroflimerização global?

Sinto uma alucinada alegria por ter nascido nessa época de alta-tecnologia, mas estaria mentindo se dissesse que não sinto uma enorme tristeza por não saber o que é um encogrimador quântico. 
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