Por Vanessa Lampert
Estava
me lembrando de algo que descobri em uma entrevista que fiz com a D.
Ester, acho que em 2013. Você não faz ideia do quanto eu cresci como
pessoa e na fé nas poucas oportunidades que tive de entrevistá-la e de
trabalhar com ela. O modo de ela pensar é extraordinário! Ela fala pouco
e eu precisava entender seu padrão de pensamento para conseguir
escrever sobre ela, então fazia perguntas para saber seu modo de pensar,
de enxergar e de reagir às situações. Suas respostas envolviam sempre
algo lógico, simples, direto e baseado na Palavra de Deus. Foi com ela
que aprendi as coisas mais importantes que aplico e ensino até hoje.
Um dia,
mencionou que uma esposa de pastor lhe havia dito que teve vergonha de
contar uma determinada coisa porque achou que a D. Ester iria pensar mal
dela. Não me lembro dos detalhes, mas foi mais ou menos isso, a mulher
achou que a D. Ester pensaria mal dela se ouvisse o que ela tinha a
dizer. Imediatamente, a D. Ester respondeu, com uma dúvida sincera: “mas
por que você pensou mal de mim desse jeito?”.
A moça
deve ter levado um susto, porque na cabeça dela (e na minha) ela não
estava pensando mal da D. Ester, ela estava, por insegurança, achando
que a D. Ester estava pensando mal dela. Mas vamos usar a lógica
simples: se você acha que a pessoa está pensando mal de você… que tipo de
pessoa você está dizendo que ela é? Gente, diante de Deus, eu NUNCA
tinha pensado na coisa por esse lado, e acho que a moça também não, mas é
verdade! Quando você acha que a outra pessoa está pensando mal de você,
a única certeza que você pode ter é que você está pensando mal dela!
E essa é
exatamente a mesma lógica simples, clara, pura e objetiva que Deus usa
na Palavra dEle. Veja o livro de Malaquias, por exemplo. Como expliquei
no texto sobre ofertas,
ali Deus descreve como as ações dos sacerdotes chegam até Ele. As ações
deles, traduzidas em palavras, dizem algo bem diferente do que eles
achavam que estavam dizendo. Por exemplo:
“O filho
honra o pai, e o servo o seu senhor; se Eu sou pai, onde está a Minha
honra? E, se Eu sou senhor, onde está o temor para Comigo? diz o Senhor
dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o Meu nome. E vós
dizeis: Em que nós temos desprezado o Teu nome? Ofereceis sobre o Meu
altar pão imundo, e dizeis: Em que Te havemos profanado? Nisto que
dizeis: A mesa do Senhor é desprezível.”
Malaquias 1.6-7
Eles não
estavam dizendo “a mesa do Senhor é desprezível” com os lábios e nem em
pensamentos. Eles estavam dizendo isso com a atitude de oferecer pão
imundo, animal defeituoso, ofertando a Deus o pior, o feito de qualquer
jeito. Mas Deus recebia aquela atitude como palavras. E é assim que Deus
nos lê.
O que eu
estava dizendo sobre Deus com a minha atitude quando duvidava que Ele
me aceitaria, sendo que Ele já disse que aceita quem se aproxima dEle
com sinceridade? O que eu estava dizendo sobre o caráter de Deus quando
pensava que talvez Ele não me curasse (achando que estava crendo, mas
obviamente duvidando), se Ele diz que cura aqueles que manifestam a fé?
Por causa da minha insegurança, não faz sentido ofender alguém de quem
eu gosto e em quem confio. Se eu confio, por que desconfio?
É aquele velho problema de não pensar no porquê a gente faz as coisas que faz.
Deus
fala na Palavra dEle sobre quem Ele é: justo, compassivo, grande em
misericórdia, que não mente, não se arrepende de Suas promessas, mas se
arrepende do mal e é tardio em Se irar e pronto a perdoar. É assim que
Ele é. Puro, benigno, paciente, verdadeiro, poderoso, respeitador, não
brinca de marionetes, tem bons olhos, é manso e humilde de coração e
espera sempre o bem dos outros. É a partir dessa lista de
características que temos que avaliar nossos pensamentos a respeito
dEle.
E parar
de focar em nosso umbigo, assim evitamos nos perder em conjecturas sobre
o que os outros estão pensando de NÓS e passamos a pensar em como nós
estamos pensando dos outros. Pensar em fazer o melhor pelos outros, dar a
eles em nossos pensamentos a benignidade que gostaríamos de receber.
Inclusive — e principalmente — quando esse “outro” é Deus. Se queremos
ser aceitos na casa dEle (não somente no templo físico, aqui neste
mundo, mas, principalmente, na Eternidade) temos que nos desprender
dessas picuinhazinhas e bobagenzinhas a que dávamos tanto valor lá no
mundo. “Fulano vai pensar mal de mim”, “Mariazinha deve estar falando
mal de mim”, “Acho que a Joaninha não gosta de mim”, mim, mim, mim…
Todas as
pessoas são complexas, mas quanto mais o tempo passa, mais procuro
simplificar minhas características básicas, tirando os “excessos”
adquiridos com o tempo, as inseguranças e mecanismos de defesa. Porque
Deus é simples. Ele se define como “Eu sou o que sou”. Não é uma coisa
fingindo ser outra. Ele é o que é. Seu sim é sim, seu não é não. Ele é o
que Ele diz que é e não é nada que Ele não tenha dito que é. E os
filhos dEle se parecem com Ele. Por isso, não tenha medo de entregar
para Ele tudo o que você é, seu jeito, suas opiniões, suas “certezas”, o
que você acha que é sua “identidade”, e todos excessos que talvez você
nem perceba que não são originalmente seus. Excessos, inseguranças, maus
olhos, tudo isso é comidinha de gremlin. Tire de cima de você todas
essas cargas que a vida, o mundo e os gremlins colocaram ao longo dos
anos. Aceite a limpeza que Ele se propõe a fazer.
PS. Depois
fui remanejada para outros projetos e acabamos não dando continuidade
àquele que eu estava fazendo com a D. Ester, mas no Reino de Deus nada é
em vão.
PS2. É essa lógica simples e clara da Palavra de Deus que norteia a fé inteligente.
PS3. Já percebeu que a resposta a qualquer “como” é sempre “sacrifício”, né?
Fonte: https://www.vanessalampert.com/a-logica-que-deve-nortear-nossa-vida/